Estudo da ONU aponta, contudo, que as atuais políticas ambientais são insuficientes para frear o aquecimento global
Por: Henrique Hein
A crise energética global desencadeada pela invasão das tropas russas à Ucrânia causou mudanças profundas que estão ajudando o planeta a acelerar a transição energética, revela o mais novo relatório da IAE (Agência Internacional de Energia).
De acordo com a entidade, a preocupação mundial com a oferta de gás natural, carvão e eletricidade, está fazendo com que os principais países do mundo acelerem o incremento de energias renováveis em suas matrizes.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o Congresso aprovou um orçamento de mais de U$ 370 bilhões para investimentos em energias limpas. O mesmo também acontece em outras nações do globo, como Japão, Índia, Coréia do Sul e China.
Ao todo, a entidade estima que o investimento global em energias limpas, como solar, eólica e biomassa, deverá aumentar em mais de 50% até o final de 2030, saltando de US$ 1,3 trilhão para mais de US$ 2 trilhões por ano.
Aumento de emissões
Apesar de toda a movimentação em prol das renováveis, um novo estudo divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) mostra que as políticas ambientais adotadas não estão sendo o suficiente para frear o aquecimento global.
De acordo com os autores do relatório, mesmo com as metas colocadas em prática, a temperatura do planeta pode aumentar entre 2,1ºC e 2,9ºC até o final desta década em relação à era pré-industrial – um índice muito acima da meta do Acordo de Paris, que é de 1,5ºC.
A estimativa atual da ONU é que o planeta registre um aumento de 10,6% nas emissões de carbono até 2030, em comparação aos níveis de 2010.
O cenário, ao menos, melhorou na comparação com a avaliação feita no ano passado, que dizia que os países iriam aumentar as emissões em 13,7% até o final da década.
Para o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, os investimentos em renováveis precisam continuar crescendo ao longo dos próximos anos.
Para isso, ele afirma que será preciso que os governos revisem seus planos climáticos e os tornem ainda mais ambiciosos.
COP 27
Nos próximos dias 6 e 18 de novembro, líderes de diversas regiões do mundo estarão reunidos no Egito para participarem da COP 27 – a 27ª Conferência das Partes – com o objetivo discutir ações necessárias para a melhora do clima e do meio ambiente.
“A COP 27 é o momento em que os líderes globais podem recuperar o impulso sobre as mudanças climáticas, fazer a transição necessária das negociações para a implementação e avançar na transformação massiva que deve ocorrer em todos os setores da sociedade para enfrentar a emergência climática”, ressaltou Stiell.